A Construção da estátua do Padre Cícero
Texto: Rafael Figueiredo
Símbolo da fé do povo sertanejo, a estátua do Padre Cícero, edificada na cidade de Juazeiro do Norte no Ceará, no ano de 1969, é a terceira maior estátua de concreto do mundo, com 27 metros de altura. A mesma foi idealizada na gestão de um dos líderes políticos mais carismáticos que a região do Cariri cearense já viu, o então prefeito Mauro Sampaio. Foi esculpida pelo talentoso artista plástico pernambucano Armando Lacerda e o engenheiro Rômulo Ayres Montenegro foi o responsável pelos cálculos de engenharia da base da estátua.
Diferentemente da construção de um edifício qualquer, onde se dispõe de desenhos em planta, cortes e detalhamentos (além da especificidade de cada serviço a ser executado como a estrutura, hidráulica, elétrica, etc.) na construção de uma estátua como a do Padre Cícero o que se dispõe é apenas uma réplica em miniatura (1,2 metros de altura, feita em gesso), a qual foi usada como base para retirada de todos os elementos tridimensionais para a realização do projeto. A incumbência de fazer esse trabalho, ou seja, transferir do protótipo para a estátua real foi do corretor de imóveis Jaime Magalhães, que apesar da falta de experiência possuía grande talento e criatividade para a realização desse trabalho. A figura a seguir mostra o mesmo trabalhando com as proporções da maquete.
A estátua não foi pensada da forma como é hoje desde o início, foram feitas várias idealizações durante sua construção, aumentando várias vezes de tamanho.
Inicialmente a estátua foi projetada para uma altura de 7 metros, fora a base. Porém, durante a confecção do protótipo o artista plástico optou por aumentar a altura para 12 metros, com essa dimensão os moldes para a estátua teriam que ser construídos separadamente, e foi o que ocorreu, os mesmos foram confeccionados em partes separadas em um galpão, para posterior montagem e concretagem no local definitivo, na serra do Horto.
Na etapa de construção da modelagem da estátua, Armando tomou ainda a decisão de redimensiona-la para uma altura de 17 metros, fora a base. A partir de então, surgiu a necessidade de se fazer um projeto de engenharia para a base.
Não existia na época da construção tecnologia para o processo de moldagem, sendo inteiramente artesanal, os moldes eram feitos em madeira e agave, como mostra a figura a seguir.
Durante sua construção os trabalhos eram intensos, alcançando turnos com 24 horas. Grandes blocos de concreto eram fixados aos poucos, acompanhando a formação da imagem. Usou-se grandes volumes de cimento para a época, num período caracterizado por grande escassez de produção devido a uma crise econômica, chegando a faltar nas regiões produtoras brasileiras, e obrigando o prefeito a buscar a alternativa de trazer material da Europa. A estátua terminou de ser construída com cimento russo e húngaro.
Hoje a imagem pode ser vista de várias localidades da região, sendo considerada como o principal ponto turístico da cidade e local de uma das romarias mais intensas do Brasil. Estima-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas visitam o monumento por ano. Tornando-se assim, o principal símbolo da religiosidade do Cariri.
A seguir são mostradas mais algumas imagens históricas: